Por Renato Pandur

Mais uma reflexão baseada em uma experiência que vivi recentemente. Como docente é comum a cada ano nos aperfeiçoarmos na construção do saber, seja estudando, relacionando temas novos com novas práticas de trabalho ou simplesmente evoluindo na comunicação entre professor e aluno.

A pergunta que me faço é o quanto o aluno é responsável pela qualidade de ensino de seu professor? Costumo dizer que em qualquer área, antes de mais nada estamos lidando com seres humanos e estes são passíveis de emoções que refletem diretamente no que fazem diariamente. Como é importante você conviver com alunos que buscam o conhecimento, que se preocupam em aprender, sem visar notas em primeiro plano. Querem aprender por pensar em construir algo relevante em suas vidas.

Como docente observo atentamente o perfil de cada aluno meu e creio que eles façam, obviamente, o mesmo em relação a minha pessoa. E como é interessante observar que grande parte gosta de falar, dar sugestões, questionar, mas quando a hora chega para "botar a mão na massa", no popular, desaparecem quase que por completo. Paulo Freire diz que "É fundamental diminuir a distância entre o que se diz e o que se faz, de tal forma que, num dado momento, a tua fala seja a tua prática". Fica uma reflexão para nós. Falamos muito e fazemos pouco?

Recentemente tive uma alegria e uma decepção. Coisa normal na vida universitária, mas que me levou a esta reflexão.
Um embate curioso. Duas frentes:
Alunos que questionam muito e não fazem nada para mudar, a não ser quando lhes interessa (leia-se: precisando de nota).
Alunos que observam mais e discutem sobre o conteúdo que lhes é passado.

Em uma mesma semana, na mesma disciplina ouvi muitas críticas de uma turma e elogios surpreendentes de outra turma. Fiquei confuso, pois a maneira de aplicar as aulas e o conteúdo eram exatamente os mesmos. Será aí , neste ponto, que apareceu a responsabilidade de querer aprender ?

Tenho orgulho dos meus alunos que buscam o aprendizado não pela nota e sim pelo valor construtivo que algo útil pode acrescentar em suas vidas. Citando ainda Freire, "A alegria não chega apenas no encontro do achado, mas faz parte do processo da busca. E ensinar e aprender não pode dar-se fora da procura, fora da boniteza e da alegria".

Aulas ou orientações com alunos inteligentes e interessados rendem bons frutos?Com alunos inertes, despreocupados e com motivação limitada geram descontentamento para ambas as partes?

Para minha alegria, na TV Facopp, em particular a equipe de publicidade, fico com a primeira opção seguido da minha resposta: Sim.

Comments

  1. Arrasando nos textos, hem, Renato Pandur...

     
  2. Como aluno não participante da TV FACOPP digo que sim também, rendem bons frutos, e digo mais o cuidado que temos que ter com os professores, pois a maioria deles estão no mercado e conhece o meio. Eles que me ajudaram a arrumar estágio, eles que produzem coisas para as agências eles são donos de agência. Isso se resume a que eles estão nos olhando e julgando o melhor para o mercado, o melhor no sentido de esforço, não apenas de inteligência, pois só ela não basta.

     
  3. Pandur vc tem razão quando diz que o interesse é que faz a diferença. Dentro da sala de aula ou no estágio da TV Facopp podemos identificar quem são os interessados, aqueles que fazem acontecer, ou como vc mesmo diz aqueles que são "o cara". Interesse é o melhor começo para trabalhos bem sucedidos. Ah se todos os alunos fossem assim...

     
  4. É Pandur, faz todo sentido sua reflexão. Eu que já fui aluna, sei o quanto faz diferença um professor motivado e, ainda mais diferença, alunos motivados a "tirar" do professor tudo que ele sabe. As aulas mais enriquecedoras não são aquelas engessadas, professor fala, aluno copia, deu o horário, vamos todos embora. Mas sim, as aulas com debate e pra isso é fundamental que os alunos colaborem, que tenham interesse, esses sim são os espertos! Vejo hoje, com meus colegas egressos, os que estão se dando bem no mercado foram os mais participativos em sala. Aqueles que só se preocupavam em reclamar do professor, matavam aula porque achavam que a aula estava uma droga... esses têm mais dificuldade!

     
  5. Esse post é menos polêmico, porém, não menos importante.

    Olhando para trás e refletindo sobre os meus 4 anos de faculdade, estou bem longe de ser um aluno referência, um modelo a ser seguido. Só queria deixar isso bem claro antes de falar o que eu acho sobre o assunto!

    Vamos lá. Ainda calouro, logo nos primeiros meses ficou óbvio que algumas matérias me chamavam mais a atenção do que outras. Conclusão: era muito fácil colocar a culpa nos professores, certo? Comigo, não. Minha observação levava sempre a uma questão até hoje pouco discutida nas rodas de faculdade: perfil.

    Pra mim, o perfil do aluno é responsável pela motivação ou alienação do próprio. Calma, explico. Muitas vezes na aula as opiniões se dividiam. “Gosto disso, não gosto daquilo”, era comum de ouvir. Isso pode ser mal interpretado e, consequentemente, ocorrer desgastes.

    Acredito que boas aulas são aquelas com debates, bate-papos e trocas de experiências. Se você possui desgastes, automaticamente, acaba criando barreiras e uma rejeição espontânea de um lado e de outro. No fim todos saem perdendo.

    Deixo aqui um desafio para ambas as partes. O professor que saiba interpretar cada aluno de forma diferente, levando em consideração o seu perfil. E para o aluno, o interesse, a curiosidade em saber tudo que cerca a profissão que pretende levar pra vida toda. Um dia você vai precisar.

    Ah, a nota? Ela vem como consequência e nunca reflete o que você realmente sabe. Sim, essa também foi uma das conclusões que eu cheguei nos anos de Facopp.

    Valeu, Pands! heuheue
    Espero que leia todo o meu comentário/post. ( logo eu que sempre pego no seu pé com o tamanho dos textos)

     
  6. Como já dizia o Chaves: "Ai que burro, dá zero pra ele!"
    Definitivamente, nota não é a prova absoluta de quanto você é capaz de aprender (ou ensinar).
    Quantas vezes um aluno "ganha" nota pelo grupo que está, pela piedade (ou falta dela) do professor, pelo esforço, pela capacidade de decorar matéria...
    Enfim, poucos são os alunos que aprendem a filtrar... e perceber que muitas vezes, de uma simples conversa com um professor, (aparentemente, longe de ser uma aula) pode trazer muito mais informação e resultado que uma lousa lotada, um caderno todo anotado e uma cabeça sem reflexão.
    Tenho comigo que aluno pode e deve exigir um ensino de qualidade, mas o mínimo que ele deve devolver é o engajamento com a aula, e que fique bem claro que isso não se resume na nota, e sim em prática.

     
  7. rsrs.
    valeu Thiago. Eu leio sim, com prazer. Acho que é por aí mesmo. Sua reflexão sobre o tema é bem próximo do que eu penso também. Valeu a participação ae garoto! abç

    obs.: até q enfim um comentário extenso akak tava começando a me sentir sozinho nesse quesito de textos grandes akak

    abç. Pandur

     
  8. Ae Panda,

    Muito bom o post, acho que foi um resposta à altura pro que infelizmente aconteceu, o que você disse foi até brando pra que certas pessoas mereciam, mas enfim, aqui não é lugar para trocar farpas.

    Sobre o post, concordo que ambas as partes devem ter interesse e motivação, é duro ver um professor que não dá aula, não ensina tudo que tem para ensinar e etc. Mas acho pior ainda alunos que não querem aprender, reclamam de tudo e só se preocupam com nota. É o velho ditado, o pior cego é aquele que não quer enxergar.

    Sei como é duro preparar uma aula, e é triste ver pessoas que não ligam para isso ou não botam a mão na massa.

    Abraço Panda. Espero o post no www.ToSemPapel.com (Merchandise básico, kkk)

     
  9. Também para minha alegria, a TV Facopp tem me rendido um aprendizado com bons frutos e a faculdade em si tbm, tudo isso devido ao meu interesse de crescer, junto a curiosidade de ir mais além, e com o ensinamento e prática dos professores e aposto que isso é válido aos demais alunos que têm esse mesmo interesse, mas em relação aos demais que criticam sem fundamento, a única coisa a fazer é lamentar.

     

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